Menos é mais
- Amanda Arruda
- 7 de jan. de 2016
- 3 min de leitura
Aquele papo fashionista de que "menos é mais" é uma solução muito interessante quando bem trabalhada para logotipos.
Todos sabem que um logotipo é a cara da empresa, algo que deve fazer seu público ter empatia, ser reconhecido e suscitar sensações e/oi ideias. Ou seja, o logo é uma parte vital da comunicação.
Para você que acredita que "fazer um logo" é como fazer uma receita de bolo, escute as gargalhadas de milhares de designers que ralam diariamente para criar um manual de identidade visual, um grid, um painel semântico, etc, etc. E cada caso deve ser analisado com muito critério, pois, torno a dizer, não existe uma fórmula infalível.
Não, não é fácil. É trabalhoso. É infinito. E no mínimo complicado. Mas EXTREMAMENTE recompensador.
Vejamos alguns exemplos de logos cujo resultado final aparente simples esconde uma infinidade de significados:
As imagens falam por si só: a sobreposição de imagens, desenhos flat, transformação de iniciais em algum outro símbolo. São simples e diretos.
Certa vez um professor me disse que uma imagem deve falar por si só. Se você precisa colocar vários itens juntos, ou pior ainda, precisa explicar, o melhor é apagar e começar de novo. afinal, você estará ao lado de cada pessoa que vir o seu logo para explicar a infinidade de simbologias que você buscou para abrilhantar a sua criação? Ou então, em um outdoor em uma rodovia, onde a imagem será vista por alguns segundos, você acha que um logo intrincado vai transmitir algum recado?
É preciso pensar em todos estes detalhes.
E finalmente, para não cairmos na tão temida "inspiração/plágio" (oi, logotipo das olimpíadas de Tokyo 2020!), uma outra alternativa é a ABSTRAÇÃO.
A partir de uma imagem concreta, você pode ir brincando com as formas, mudando-as de lugar, de direção, reduzindo os traços. Assim você pode alcançar um símbolo mais fluído, que pode arremeter à imagem original e/ou a muitas outras, vai da interpretação de quem vê. Mas CUIDADO: observe muito bem se por um acaso uma das imagens que podem ser compreendidas não arremetem a símbolos indesejados para o logo, como o exemplo abaixo:
SEM COMENTÁRIOS.
CASO RARO: UM LOGOTIPO INTRINCADO, MAS QUE FUNCIONA
Logo antigo da Unilever Logo atual da Unilever
A Unilever é uma indústria química mais presente na sua vida do que você pode imaginar. Duvida?
Você acorda de manhã, escova seus dentes com a pasta de dente Close-Up, passa o seu desodorante Rexona, então toma o seu Ades, come seu pão com Becel. Aí você lembra que precisa lavar algumas peças de roupa, vai até a lavanderia, coloca um pouco de Omo, um pouco de amaciante Comfort e põe tudo de molho. Toma seu sorvete Kibon, passa seu hidratante Dove, usa seu xampu TresEmmé... quer mais? Tudo isso - e muito mais- é fabricado pela Unilever.
E como criar um logotipo que represente tudo isso e ainda seja simpático ao público?
O logo anterior da Unilever era exatamente o que se espera de uma indústria química: geométrico e pesado. E foi em 2005, perto do aniversário de 75 anos da marca, que a agência Wolff Olins criou este novo logotipo, que é composto por nada mais, nada menos, que 24 símbolos que representam cada campo de atuação da indústria.
Não vou explicar cada um dos símbolos, mas você pode ver mais detalhes no site da empresa: https://www.unilever.com.br/about/who-we-are/nosso-logo/
Moral da história: não existe uma receita pronta para a criação de um bom logotipo. O que existe é MUITA tentativa e erro, um bom briefing, e muito feeling. O bom é o designer observar de tudo, ter um baita de um repertório, conhecer de Art Nouveau a Wesley Safadão (você nunca sabe quem será o seu próximo cliente, lembre disso) e testar.
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